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foto: http://blog.verdebranco.net/
No dia em que se sabe que um (cada vez menos) rival directo assinará um contrato com uma marca relevante à escala planetária por um valor de €8M (com possibilidade de chegar aos €10M), aumentando assim, substancialmente e numa altura economicamente difícil, os valores que até agora a lhe PT pagava (€5.3M) e aportando valor e relevo à sua própria marca, ficamos a saber que o Sporting ainda não tem patrocínio.
Pior. Considera como perfeitamente aceitável um patrocínio proveniente da Guiné Equatorial, seja via empresa (estatal, obviamente) seja até o próprio país, apenas e só porque o mesmo (que tem no castelhano e no francês as suas línguas mais faladas), entrou recentemente na CPLP.
Só que a Guiné Equatorial é muito mais que essa peculiaridade linguística. A Guiné Equatorial é um país que recorrentemente aparece nos relatórios das organizações internacionais como sendo um regime pária e ditatorial, com empresas detidas e/ou geridas em exclusividade por um conjunto de pessoas ligadas ao seu presidente, apropriando-se da riqueza do Estado, numa cleptocrática oligarquia familiar, silenciando opositores políticos, recorrendo à tortura e a execuções.
Prisões arbitrárias, execuções extrajudiciais, tortura, ausência de liberdade de expressão e de associação. Ausência de tribunais independentes e de Estado de direito, corrupção oficial generalizada. Eleições fraudulentas, restrições à existência de partidos políticos. Violência e discriminação contra crianças, mulheres, gays e pessoas com HIV. Estas são, para o Departamento de Estado dos EUA, algumas das características da Guiné Equatorial.
http://visao.sapo.pt/guine-equatorial-que-pais-e-este=f789919
E aqui não se trata de ser lírico nos principio vs. pragmático nos meios. Nem tão pouco de opções politicas ou ideológicas. É um caso de desenhar a linha fronteira que não se deve ultrapassar. Na convicção que o dinheiro não é todo igual e de indiferente proveniência. E mesmo sabendo que provavelmente nenhum patrocinador estará isento de ligações mais escuras, há uma linha que deveria ser traçada. Sob pena de tudo ser permitido...
Na mesma entrevista, também se fica a saber que não havendo nenhum patrocinador que "chegue" aos @3.25M (valor avançado na entrevista e que reduz do existente em €450k), poderá haver um patrocinador por jogo ou pacotes de jogos. Vendidos avulso a €100k onde até as empresas portuguesas poderão "chegar". A ideia poderá ser inovadora, mas duvido que defenda o Clube. É que mais que o valor comercial directo e estrito do espaço publicitário temos o próprio valor da reputação do clube e dos seus símbolos.
Para não falar do risco em que se torna caso a temporada não corra como todos desejamos e acabemos a "vender" o espaço na camisola *a melhor oferta no OLX...
Poder-se-á dizer, como atrás, que dinheiro é dinheiro e o que interessa é que entre. Aceito, tenho que aceitar. Mas permito-me discordar. O clube sai fragilizado com ligações a marcas reputacionalmente e em termos de relevo claramente inferiores aos do Clube. Uma ligação desse tipo deixa de ser um beneficio mutuo, em que o clube possa lucrar com a presença e relevancia da marca e vice versa, para uma em que as marcas apenas usarão o espaço para se promover, pagando, como pagam um anuncio na televisão, jornal ou rádio. E os meios, convenhamos, não são os mesmos!
E aqui, mesmo percebendo as condicionantes, vejo culpas intrinsecas, a maior das quais, a incapacidade de promover o Clube como um meio publicitário apetecivel. Como uma entidade de principios fortes e firmados, segura e forte na sua conduta. Uma ancora social.
Além disso, esta ausencia de interesse também marca a forte desvalorização da Marca Sporting, mais a mais quando se encontram em aberto um potencial de publicidade bem mais alargado (naming estádio, naming academia, futebol formação, modalidades,...) com o Clube a admitir "promoções e descontos",
Para isso, prefiro nada! E que lindas ficariam...