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A duas semanas de mais uma passagem de ano, recordei-me de momentos em que me fizeram ainda mais Sportinguista.
Os mais velhos saberão do que estou a falar. O Sporting Clube de Portugal tinha por hábito organizar passagens de ano nos antigos pavilhões de Alvalade. Sim, eram dois pavilhões, que tinham uma porta de ligação entre ambos.
As famílias Sportinguistas marcavam com grande antecedência os seus lugares, porque a realidade é que se juntavam milhares de sócios e adeptos. Todas as famílias levavam o seu "farnel", o qual partilhavam nas mesas, onde até podiam estar desconhecidos. Era um momento mágico verde e branco. Partilhar tudo com conhecidos e desconhecidos, celebrando a passagem de ano e o amor comum a um Clube. O ponto alto da noite era sempre a marcha do Sporting, como sempre entoada por Maria José Valério. Momento único de celebração e alegria. Na verdade éramos felizes.
Pavilhões esses que me enchiam a alma, porque estavam quase sempre lotados, quer em dias de futebol, quer em fins-de-semana em que a equipa de futebol jogava fora de Alvalade. Os tempos eram outros, com menos variedade de oferta para que as pessoas passassem o tempo. Mas também era um tempo em que a maioria se deslocava de transportes públicos, ao frio, à chuva, ao calor. Tudo por amor, um amor verdadeiro, sem receber nada em troca, apenas o saltitar do leão rampante nas nossas camisolas. Glórias europeias e campeonatos nacionais, um privilégio ter vivido esse tempo.
Mais tarde, com a demolição dos pavilhões, por causa das obras do Metro, tivemos a nossa "nave" de Alvalade, espaço mais modesto, mas nosso e acolhedor. Tardes e noites de emoção. Um ritual que só nós sabíamos desfrutar.
Senhor presidente Bruno Miguel, ao contrário do que afirmou em almoços de Natal, os nossos pavilhões não eram uma espelunca. Eram um templo sagrado. Talvez não tenha sentido o cheiro e o sabor daqueles tempos, mas isso é um problema seu. Respeite os sócios e o Clube. Pare de julgar que o Sporting nasceu consigo. O caro precisa muito mais do Clube que o contrário. A um Presidente exige-se respeito pela história. Se não a viveu, é um problema seu.
Orgulhosamente, Sporting desde 1906!
SL