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Toda esta história dos "oitenta milhões" mais as teorias da ironia, da moeda, do bailinho, etc, invariavelmente contrariadas pela realidade trouxeram-me à memória William J. H. Boetcker (1873–1962), lider religioso conservador, americano de origem alemã e tido por alguns como precursor dos "success coaches" actuais, conhecido essencialmente pelo panfleto "The Ten Cannots", mantra de muitos neo-liberais de agora, mas também pela lista dos "Seven National Crimes", possivelmente baseado nos sete pecados mortais e seguramente na realidade americana, que se cometidos levariam ao fim de tudo o que os Estados Unidos significariam.
Aplicando os mesmos ao contexto e realidade do Sporting, assusto-me de os ver a serem permanente e despudoradamente cometidos, por mais gente que o que seria razoável aceitar (tendo em conta a realidade nacional em que a sociedade hoje se insere), inclusive por insuspeitos seres pensantes, alguns dos quais, mesmo discordando, lhes reconhecia capacidade intelectual para defenderem coerentemente pontos de vista sem caírem na bardinice que se vai vendo.
Estes sete crimes são:
E não há dia em que não veja exemplos destes "crimes" nas discussão sobre o Sporting. Todos os sete. No geral, aceita-se sem questionar a narrativa oficial e os ecos das teorias da da propaganda, acredita-se em vez de se saber, fala-se e escreve-se do que não se sabe, sem qualquer problema ou vontade de saber, replicam-se opiniões por conveniência intelectual e alivio de empenhamento, discute-se o acessório e o mensageiro, despreza-se o essencial e o conteúdo, não se lê nada até ao fim mas tomam a parte pelo todo, não se sabe nada, mas não se inibem de debitar cartilhas, não argumentam limitando-se a repetir opiniões alheias, usam o passado como bandeira para manter o estado das coisas, tudo fica pela rama e no fim, quando postos perante a realidade e os factos, pelos que ainda vão tendo paciência para os aturar, desaparecem, alegam falta de tempo ou afirmam a falta de interesse pois o que gostam é da "bola na rede".
Pessoalmente, este nível de relacionamento com o Clube, que apenas posso classificar de doentio e a roçar o cretino, pois o que se ama, cuida-se, e para cuidar é preciso ter interesse genuíno, real e permanente, já não me surpreende nem me causa grande reacção. O Clube já me proporcionou experiencias suficientes para me tornar quase indiferente a isso. O que não me cessa de espantar é a contaminação transversal e generalizada deste "way of being".
E perceber que foi exactamente esta linha de acção (ou inacção ao estilo de "laissez-faire, laissez-passer") dos sócios que permitiu o Clube chegar a 2013, vulnerável a este tipo de solução.
Fica a esperança na memória de uma citação contemporanea de Boetcker
You can fool some of the people all of the time, and all of the people some of the time, but you cannot fool all of the people all of the time.
(Consegues enganar algumas pessoas sempre e todas as pessoas por algum tempo, mas não consegues enganar todas as pessoas sempre)
Se bem que sobre isso, há outra lição que também este Clube me proporcionou que é que: "Pior é sempre possível"