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Sei perfeitamente que este descalabro é transversalmente nacional e também que atravessa as mais variadas modalidades. Mas também sei que de todos os clubes competidores nacionais, o Sporting será aquele que mais reclama a bandeira da formação.
Mas a verdade nua e crua, é que, já vindo de há um par de anos esta opção, nesta época que entra, teremos muitas dificuldades em assumir como nossa, em regime de quase exclusividade essa virtude.
Na realidade, nunca como antes teremos tido planteis tão afastados desse ADN que constantemente referimos.
No Andebol, num plantel sénior de 16 elementos, teremos 3 formados pelo Clube, 2 deles S23, com 8 estrangeiros e uma média de idade de aproximadamente 28 anos.
No Hóquei, num plantel sénior de 12 elementos, teremos 1 formado pelo Clube, ele próprio S23, com 5 estrangeiros e uma média de idade de aproximadamente 27 anos.
No Futsal, num plantel sénior de 17 elementos, teremos 4 formados pelo Clube, apenas 1 deles S23, com 9 estrangeiros e uma média de idade de aproximadamente 29 anos.
Importa, antes de mais, questionar quem tem obrigação de defender a evolução das respectivas modalidades, da competitividade e rendimento das selecções nacionais e do jogador seleccionável, porque insiste em assobiar para o lado como se nada fosse, contribuindo para matar as legitimas aspirações dos jovens praticantes.
Mas importa também perceber e questionar, o porquê do Clube que se afirma como formador, cometer estes mesmos "pecados" desperdiçando o que forma e apostando fortemente em jogadores estrangeiros de alguma idade. A média de idade dos jogadores estrangeiros no Andebol será perto de 28 (desviada de valores mais altos por dois jogadores S23), no hóquei perto de 30 anos (amenizada por um jogador de 19 anos) e no futsal passa dos 30 (com apenas dois jogadores abaixo dos 30).
Isto num ano de orçamento de valores recorde, em que um bom planeamento não trairia as ambições desportivas e dotaria o Clube de meios humanos para encarar o futuro (e os regulamentos) a médio prazo de maneira confiante. Assim, com jogadores, alguns deles já com poucos anos a dar ao Clube em regime de capacidade total, a cada ano, ou numa leitura mais optimista, a cada biénio, o investimento terá que se repetir. O que dificilmente será sustentável.
Isto por sua vez faz também com que o Clube despreze quer os valores que forma, quer os outros formados nacionais com um futuro interessante, deixando-os à mercê de outras opções, colocando-lhes na balança, na hora da opção, o peso da dúvida de perceber se o Sporting ainda será mesmo o melhor meio para evoluírem e se tornarem atletas de topo.
A vertigem da vitória imediata com tonalidades de campanha eleitoral não pode explicar tudo e seguramente não será rumo sustentado para o ecletismo do Clube.
P.S. Entretando acaba se ser anunciada a contratação de um jovem campeão europeu de Hóquei, na mesma noticia onde é informado o seu empréstimo a uma equipa espanhola. Confuso? Seguramente. Surpreendente? Já pouco me surpreende...