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Soube-se ontem que o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) confirmou a interdição da propriedade por parte de terceiros (TPO ou Third Part Ownership) dos passes dos futebolistas decretada pela FIFA, no âmbito do litígio entre esta e o clube belga RFC Seraing.
Acto continuo, Azevedo de Carvalho assume a decisão como uma vitória, mais que do Clube, sua, pessoal, mais uma vez ajudado pelos "malandros" da Comunicação Social que propositadamente tentam correlacionar o caso com o diferendo Sporting/Doyen.
Acontece que o caso, pouco ou nada tem a ver com o caso Doyen.
Na verdade, o que esta decisão confirma é a sanção ao clube belga imposto pela FIFA em Setembro de 2015 pelo incumprimento da regra que interdita o TPO, aprovada e entrada em vigor a 1 de Maio de 2015. Nesta deliberação de Maio a FIFA estabelece que "A interdição entrará em vigor a 01 de maio de 2015", sendo que "os acordos já existentes devem ser mantidos até à sua expiração contratual" e que "os novos acordos assinados entre 01 de Janeiro e 30 de Abril de 2015" estarão limitados à duração máxima de um ano.
Ou seja o caso com a Doyen, não só não está coberto por esta norma, como também não tem absolutamente nada a ver com a guerra contra os fundos mas apenas e só com o incumprimento e quebra de contratos e obrigações estabelecidas pelos mesmos. E nesse caso, já foi proferida sentença, da qual não há recurso, na qual fomos condenados a pagar além das custas do processo, o valor em falta acrescido de juros, tendo por isso a UEFA cativado as nossas receitas das participações nas suas provas. Acontece também que a conta continua a avolumar-se por ainda não ter sido dada a ordem de liquidação da divida.
Obviamente, que todos concordaremos que, da maneira que estavam a acontecer, os TPO eram um cancro para o futebol, muitas vezes desvirtuando a verdade desportiva. E nunca foi por defender isso que Azevedo de Carvalho foi criticado. Mesmo que inflado de uma importância que nunca teve e assumindo o transporte vanguardista de uma bandeira que nunca foi sua (a FIFA já discutia o TPO há anos), nunca foi a critica ao modelo dos TPO que provocou as reacções de desaprovação ao que se fez no das Doyen. Foi sempre a quebra das responsabilidades e obrigações societárias do Clube. Inverter isto, é apenas mais uma das pós-verdades que foram repetidas à exaustão pela tropa.
Mas, ainda assim, convém perceber a fragilidade dos princípios de Azevedo de Carvalho que em Dezembro de 2016 assina protocolo com a Traffic (de que a foto acima é prova), empresa que esteve no centro do escândalo de corrupção da FIFA, investigada, e em alguns casos já sentenciada, sobre fraude, lavagem de dinheiro e corrupção nos últimos 24 anos e que tinha na sua estratégia fundamental de negócio o TPO, sendo percussora também nos novos esquemas para contornar esta proibição e que passam pela posse ou controle de Clubes e/ou SAD's, desenvolvendo aí o mesmo tipo de negócios em rodízio (semelhante ao que acontece neste momento com Bruno Paulista que ninguém percebe a quem efectivamente pertence)