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O Brunistão é um estado criado na sequência de um período de convulsão e descrença que leva alguém praticamente desconhecido e sem competências conhecidas à liderança de uma nação histórica.
O ascender ao poder baseou-se em mensagens de esperança e rigor, que rapidamente descambaram para o populismo. Programa e promessas são reinterpretados e secundarizados por cenários estrategicamente criados para fortalecer o regime.
Desde logo se vincou a pretensão de que o estado criado se sobrepusesse à história secular da nação, tornando-se num estado quase totalitarista, centrado no seu líder, numa aproximação quase religiosa ao messianismo. Este revisionismo histórico revela-se, incongruentemente, desde a omissão de feitos anteriores que possam colocar em risco a interpretação de momento único de pujança que se quer difundir, até ao acrescentar batalhas vencidas sem rigor ou sustentação histórica das mesmas ao palmarés nacional.
Este estado é agora regido num pressuposto de verdade suprema e única, provenientes exclusivamente das ideias e palavras do seu líder, onde a justiça popular é tida como razoável, aceitável e até desejável na apreciação do passado imediato e de outros proclamados inimigos de estado.
Para isso usa várias direcções gerais de propaganda e promoção do regime que se espalham por vários meios de comunicação. Já teve uma direcção de gestão de crise, entretanto dissolvida por desencontros intelectuais e comportamentais, mas mantém desde sempre uma direcção geral de propaganda, responsável pela transmissão da mensagem e da verdade, não se inibindo no entanto o seu líder, de tomar o papel principal nessa frente.
Também na dependência destas direcções, mas noutra linha de acção existe a polícia de estado, que conta sempre com o prestimoso auxilio de um exercito de radicalizados e delatores, que vigiam tudo ou que se diz ou escreve reportando aos superiores para posterior procedimento. Este procedimento poderá passar por processos directos em tribunal internacional (que até agora têm redundado em estrondosos fracassos), coação e intimidação por parte do exército atrás referido, ou denúncias tendentes à censura dos pensamentos desviantes.
A liderança é autocrática, centralizada exclusivamente no líder, impondo planos diferenciados entre o eu (líder) e o vocês (cidadãos), sendo que as culpas, defeitos e pecados, por definição estão sempre com os segundos.
Para a transmissão da mensagem, foram criados canais específicos que se dedicam, no meio de noticias criteriosamente escolhidas, a difundir a mensagem da liderança, bem como na formação e instrução de vários comunicadores trans-nacionais que defendem a visão de estado e dos seus feitos em território inimigo.
Nos meios criados, institui-se a realização recorrente de acções de ensino ao povo menos instruído, para que possam saber a verdade escolhida de forma directa e sem intermediários.
Além disso, nas assembleias de cidadãos, altera-se o que até agora tinha sido o regimento das mesmas de maneira a acomodar o que se chama de novo paradigma e modernidade. É também aqui que se assiste à dramatização dos extremos riscos que o líder corre em defesa da nação.
A liderança procura também auto-afirmação em eventos mais ou menos descomprometidos, seja em visitas aos governos regionais, em galas nacionais ou em publicações de auto-elogio. Também gosta de ser visto com altos dignatários, exponenciando esses encontros bem além do seu real valor
A liderança promove constantemente focos de conflito que mantenham as hostes unidas e focadas. Começou com os bancos e agências financeiras internacionais, comunicando a sua intransigência, ainda que depois aceite os termos dos interlocutores, e rapidamente passou para os Califados vizinhos e para os organismos internacionais de regulação onde procura, geralmente por antecipação, encontrar álibis para eventuais derrotas. Mantém no entanto sempre uma frente interna aberta de perseguição aos opositores e críticos ao regime, tentando por todos os meios silencia-los e eliminar a sua presença.
Economicamente promete vários investimentos e investidores que tardam em se concretizar, rasga acordos anteriores e difere pagamentos devidos ao limite do legalmente aceitável, quando não os debate em batalhas judiciais perdidas que aumentam o prejuízo nacional.
Aproveita jazidas de recursos naturais, que prospecções afirmam estarem a esgotar-se sem que haja novas a serem pesquisadas, para fazer transacções que permitem a gestão dum estado cada vez mais pesado, onde obras são adjudicadas directamente e os lugares-tenente do exército de radicalizados passam a ter lugar na estrutura e a exercer todo o tipo de funções independentemente da sua aptidão.
Aponta o ensino como uma das ferramentas de desenvolvimento nacional, mas contrata quadros formados já ultrapassados no seu aproveitamento a preços claramente inflacionados, usando para isso uma restrita carteira de agências de colocação dos mesmos, tratando os locais quase como mercadoria.
Promove uma recontagem de cidadãos, aumentando artificial e criativamente o seu numero de maneira a demonstrar poder, promove peditórios e outros eventos socializantes de promoção do estado, e promove um plano de revolução cultural e recondicionamento intelectual geral, baseado na diminuição da exigência e do nível da intervenção, à imagem do que era tradição no Califado mais próximo.
Actualmente, a liderança opta por uma espécie de rebranding e reposicionamento perante os seus cidadãos que lhe permita mais facilmente um renovar de mandato em eleições que se aproximam, deixando o esforço de guerra e propaganda, ainda que geridas em proximidade, em outras mãos. A este reposicionamento acrescentam-se uma série de acções encenadas de promoção do seu líder e da sua acção.
O futuro desta nação é incerto.
Nota: Qualquer semelhança com qualquer realidade é apenas e só uma infeliz coincidência e nem sequer sei porque escrevi isto...