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Frases como "...não recebo lições de Sportinguismo de ninguém" ou "...tens muito que andar até me dares lições de Sportinguismo" ou inúmeras reinterpretações destas, tornaram-se tristemente ecos repetitivos nas discussões mais divergentes nos pontos de vista nos últimos anos, substituindo sem pudor os argumentos fundamentados, fazendo valer um qualquer estado de superioridade intelecto-emocional.
O estado de espírito entrincheirado, de preto ou branco, de a favor ou contra, ambos incondicionais e sem remissão, que já dura há mais de uma década e que se amplificou nos últimos 3 anos é em si mesmo um dos piores cancros existentes no debate e na vida do Clube. As facções absolutas e que nada de verdade ou válido admitem às outras, que "discutem" surdamente nunca se ouvindo, muitas vezes sequer a si mesmas, arrastam o Clube para os caminhos da intolerância e afastam os que preferem debater argumentos e fazer juízos críticos assentes no conhecimento.
E é também nessa recusa de conhecimento que se amarram as frases acima. Como se alguém fosse detentor em si mesmo e só em si de uma superioridade imensurável que lhe permite rebaixar o outro sem remorso, não percebendo que toda a vida aprendemos, tudo é uma lição. Tudo são lições e conhecimento que devemos absorver. Boas e más.
Pessoalmente, procuro sempre a aprendizagem e o conhecimento, retirando ensinamentos para sustentar as minhas opções e convicções. São essas vivencias de conhecimento que me permitem separar o trigo do joio. O que quero, do que não quero. Que me permitem sustentar essas mesmas opções e opiniões. Achar que se sabe tudo, ser dogmático em relação ao seu estatuto e recusar conhecimento, seja ele qual for ou de onde venha, é ser intelectualmente pouco desenvolvido e demonstra a sua própria insegurança na utilização do "argumento" definitivo.
Aprendo com o sócio mais antigo que viu os 5 violinos mas que agora pouco sabe da vida do Clube, aprendo com o ultra que vive o Clube de forma intensa e muitas vezes com um excesso que lhe dificulta uma visão mais abrangente, aprendo com quem se sacrifica na sua vida pessoal e económica para estar sempre nos pavilhões e estádios em que o Clube joga, aprendo com quem de boa-vontade deu ou dá o seu tempo ao Clube, ajudando-o e permitindo o funcionamento do seu ecletismo, aprendo com o adepto que só gosta de futebol, aprendo com o sócio que sabe o resultado do jogo da 3ª jornada do campeonato de juniores de 1998, aprendo com o sócio que participa nas AG's, aprendo com quem escreve sobre o Clube, aprendo com quem dá e fundamenta a sua opinião, aprendo com o adolescente que na 2ª feira seguinte a ter perdido o campeonato vai de camisola do Clube para uma escola onde está em minoria, aprendo com a criança que ao jantar, do nada põe a mesa toda a cantar o "O Mundo Sabe que..."
Mas também aprendo com quem só se lembrou do Clube em 2013, com o sócio recente de idade provecta, com o que só agora se encontrou Sportinguista, com quem vê numa selfie um valor de status, com quem vigia a opinião dos outros, com quem se predispõe a determinados serviços a troco de uma palmada nas costas ou dum hamburguer de plástico, com quem se tenta manter à tona mesmo tendo se mudar de discurso conforme a música que toca, com quem adquiriu actividade profissional no Clube à custa de favores, com ex-atletas que se colocam em bicos de pés à espera de uma migalha que caia, com quem marca homem a homem os contestatários em AG, Com os paraquedistas de jogos grandes ou de palco com holofotes, com quem "ladra" insistentemente os estribilhos orquestrados, com quem aceita substituir pelo individual a força do colectivo, com quem bajula, com quem se demite de querer saber, com quem acriticamente aceita e aplaude tudo o que de cima jorre, com quem rejubila com a cada remoque da comunicação, a cada post de facebook ou tweet de twitter, a cada cântico despropositado ou a cada tiro de pólvora seca para os rivais, aprendo com quem vive da desunião e fomenta a guerra como sustento da própria posição, aprendo com quem vê no Clube, acima de tudo um projecto egoísta de poder.
Aprendo com todos...acreditem. Como acredito que sempre o farei tendo consciencia que sei sempre menos que o que posso vir a saber.
Estão aprovados os regulamentos de Futsal para a época de 2016/2017. O da prova e o disciplinar.
E isto é relevante para o Clube por causa da obrigatoriedades de utilização de jogadores formados localmente.
Jogadores formados localmente são os que 15 e os 21 anos, estiveram registado em clubes integrados na FPF em 3 épocas desportivas completas ou por 36 meses.
Neste ano, tal como no ano passado, vais ser obrigatório estarem presentes por ficha de jogo 7 jogadores formados localmente em 12 jogadores, podendo estar até mais dois Sub20, passando a obrigatoriedade para 8 ou 9 jogadores formados localmente.
Neste momento, tendo um plantel, em norma, 14 a 16 jogadores (mais os sub20 que venham a ser pontualmente integrados), o Sporting tem 15 jogadores, 7 formados localmente (André Sousa, Gonçalo Portugal, Djô, João Matos, Paulinho, Pedro Cary e Edgar Varela) e 8 não formados localmente (Marcão, Caio Japa, Diogo, Alex Merlim, Diego Cavinato, Rodolfo Fortino, Léo Jaraguá e Dieguinho).
O que muda drasticamente é o regulamento disciplinar. Este regulamento, que no ano passado previa apenas multas para o incumprimento destas regras (custavam entre €510 a €1020 por jogador, por jogo em desrespeito ao regulamento) passam a prever penalizações desportivas com dedução de 2 a 5 pontos na tabela classificativa, à 2ª infracção (além de um aumento substancial na multa da 1ª infracção).
Ou seja, o Sporting poderá ter 3 jogadores não formados localmente, e isto se mais nenhum for adquirido, de fora por cada jogo do Campeonato. Sendo que estes serão muito provavelmente dos que mais peso terão na folha salarial da secção (e este potencial de assimetria no plantel poderá ser outro risco que se corre).
Pior, poderá ter dificuldade em ter os 7 formados localmente disponíveis para as fichas de cada jogo. Basta que as lesões normais aconteçam (e nesta época tivemos vários jogadores de fora por essa razão durante períodos significativos)
Bem sei que esta alteração, pretende claramente atingir o Sporting, no momento em que o Clube aponta a um forte investimento. Esta alteração era defendida há dois anos por nós e foi recusada como sendo impossível. Mas a verdade é que o Clube foi imprudente apostando numa infracção das regras, que no contexto do investimento sairia barata, para daí retirar benefícios desportivos, não podendo, nem tendo moral para reclamar agora que a mesma infracção tenha uma penalização maior.
Como também sei que esta opção de investimento e até de ultrapassar a linha da legalidade deriva de uma aposta claramente eleitoralista que pretende "comprar" títulos europeus, fazendo tábua rasa daquilo que até agora era o paradigma formativo do Clube e de aposta no jogador nacional.
Suspeito que, não havendo alteração, ou espaço para a mesma, na formação do plantel que permita a inclusão de mais seniores formados localmente será um época estranha e atribulada.
Quando foi oficialmente lançada, a Missão Pavilhão, teve como caras do seu material proporcional estas 4 caras, representativas do mesmo numero de modalidade de Pavilhão que se presumiam ser simbólicas e porta-estandartes do ecletismo do Clube, nomeadamente das suas modalidades de pavilhão.
Ana Cunha, Sportinguista, na equipa desde 2012/2013, capitã da equipa de Basquete desde 2013/2014, tendo feito toda a carreira ascendente do Basquete do Sporting até à divisão maior, onde não chegou a jogar, por obrigação profissional.
João Benedito, Sportinguista, no clube desde 1995/1996 (com um interregno de um ano que jogou em Espanha), capitão da equipa de Futsal, com um palmarés invejável e um dos mais relevantes nomes do Universo Sportinguista em actividade.
Ricardo Figueira, nome maior do Hóquei nacional dos últimos 15 anos, no clube desde 2012/2013, resgatado de uma desistência da modalidade por motivos profissionais, capitão e médico da equipa desde 2013/2014, esteve presente na fase de consolidação do projecto do Hóquei tendo ajudado a conquistar a Taça CERS.
Bruno Moreira, no Clube desde 2008/2009, capitão de equipa desde a saída de Ricardo Dias, presente nas últimas conquistas do andebol, onde se destaca a Taça Challenge.
Em comum, todos foram exemplos, todos foram vencedores, todos foram "usados" para promover a Missão Pavilhão e nenhum vai jogar, vestindo a camisola verde e branca, no pavilhão, para o qual deram a cara. Ana, além de já não estar no clube por encerramento da equipa de Basquete sénior feminina, João, por ter dado por terminada a carreira depois de ver o seu vinculo ao Clube terminar sem ser renovado (ele que, mais que os outros, várias vezes afirmou ser, jogar no Pavilhão João Rocha tendo inclusive promovido uma campanha pessoal de angariação de fundos utilizando o seu prémio de Campeão de 2013/2015 para isso), Ricardo, misteriosamente afastado da equipa e posteriormente do Clube por alegada falta de empenho e comprometimento e Bruno, dispensado para dar entrada a dois estrangeiros da sua posição. Tudo, numa época, não me canso de reafirmar ém que os orçamento sobe mais de 70%.
Desportivamente, podendo discordar, não questiono a opção (bem, a do Basquete questiono frontalmente). Emocionalmente fica o amargo de não perceber o que se vai fazendo aos nomes relevantes, com peso histórico e caracterizador nas modalidades, escolhidos como representantes das suas equipas, elevados por nós próprios a heróis e a símbolos do Clube, tantas vezes cantados nos pavilhões...Mesmo aceitando que as histórias, neste caso dos divórcios, têm sempre dois lados.
O nosso Sporting celebra hoje mais um aniversário. 110 anos de histórias que ficam na história do desporto nacional e internacional. 110 anos de alegrias, tristezas, de competição, de valores e de criação de referências. 110 anos que não se conseguem apagar com auditorias, com ataques ao passado, com expurgas de sócios ou rescisões de contratos ou afastamento de símbolos de carne e osso.
O Sporting atual, infelizmente, está muito afastado da sua génese original. É verdade que passamos de forma recorrente travessias no deserto no futebol. É verdade que fizemos maus negócios, é verdade que o Sporting se atrasou na sua modernização enquanto Clube. Mas havia algo que nos distinguia dos demais, e essa distinção era a nossa identidade enquanto Clube e o nosso orgulho enquanto Sócios e Adeptos. A educação e o saber estar no desporto.
Ao Sporting não basta vestir a camisola, é necessário respeita-la e compreender os valores que se transportam e comunicam sempre que a Instituição se apresenta no espaço publico.
O que assistimos hoje é a um total corte com um passado de história que é a nossa génese. A nossa identidade. E se fez sentido essa promessa nos primeiros anos da gestão de Azevedo de Carvalho, agora começa a ser cada vez mais evidente que tudo não passaram de promessas e tentativas de controlo de opinião para levar a bom porto as ambições pessoais de chegar ao poder.
Este não é o Sporting que cresci a vibrar e tanto orgulho me oferecia mesmo nas derrotas. Pois saber perder é a primeira lição para saber vencer.
Existia um clima de educação que me orgulhava, e que tento ainda hoje explicar aos meus filhos. Bem sei que esta forma de estar não se entende facilmente, há pessoas cuja espinha dorsal mais vergada, não lhes permite compreender e aceitar esta forma de estar.
O Sporting não é nem pode continuar a ser o Clube das “nádegas” ou do “Belfodil”, não pode continuar a processar os seus Associados, não deve inundar o espaço comunicacional com lixo tóxico que tem resultado em mais prejuízo para o Sporting que para os seus rivais.
Este Sporting que hoje comemora 110 anos é um Sporting descaraterizado. E é tempo de pensarmos nesse ponto.
Um Clube com cada vez menos referencias históricas, antigos atletas, glórias do passado mais profundo ou de um passado mais recente. Se somos um Clube formador, como conseguimos formar sem equipas seniores e sem personalidades âncora?
Este Sporting é cada vez mais um Clube pejado de “benjamins”, “yes mans”, de gente que ambiciona um ordenado ao fim do mês e que se dedica ao Sporting por isso mesmo. O lado emocional, o lado da paixão está cada vez mais afastado. E quando assim é, quando se esquece o lado humano do Sporting, batemos no fundo, não respeitamos e como é óbvio deixamos de ser respeitados.
Hoje que comemoramos 110 anos, deveríamos celebrar, vibrar com uma história centenária sem igual em Portugal e no Mundo. Mas não há razões para grandes festas. Muito se tenta e muito se invade a comunicação social com contra-informação, que está tudo bem, que tudo está controlado e o barco continua à deriva a navegar por ordem das forças das marés.
Hoje que comemoramos 110 anos de história, um atleta que tanta história nos ofereceu comunica nas redes sociais que acabou a sua ligação ao Clube. João Benedito é talvez o atleta que mais transpirou a nossa camisola nos últimos anos. Um atleta que dentro do pavilhão e fora dele sempre defendeu o Sporting com a identidade que tantos defendemos e queremos de volta.
Hoje saiu João Benedito. A forma como sai prova a descaracterização do nosso Sporting.
Saudações Leoninas
Aos 40178 dias,
Acredito num Sporting com 110 anos de história.
Acredito num Sporting conciliado.
Acredito num Sporting pacificado e verdadeiramente unificado.
Acredito num Sporting inclusivo e convivendo pacificamente com a pluralidade das suas sensibilidades.
Acredito num Sporting consciente do seu papel no contexto desportivo e social onde se insere, que seja transversalmente referencial na sua conduta.
Acredito num Sporting acima de interesses pessoais, acusações, escaramuças e jogos de sombras.
Acredito num Sporting que, defendendo intransigentemente os seus interesses, seja respeitador dos seus compromissos, dos seus adversários e dos demais agentes, seguro que só daí receberá o respeito incondicional que considero ser merecedor.
Acredito num Sporting sem arrogâncias ou vaidades, onde o Clube seja sempre mais que qualquer um de nós.
Acredito num Sporting de ideais e princípios, no cumprimento da sua matriz essencial.
Acredito num Sporting com verdade, com memória da sua história, resolvido do seu passado e com olhos postos no futuro.
Acredito num Sporting realista, corajoso, rigoroso e competente na abordagem aos desafios imediatos e futuros que permitam a sustentabilidade dum Sporting vencedor.
Acredito num Sporting recuperado do seu prestígio e reputação.
Acredito num Sporting cumpridor dos desígnios dos fundadores, na consciência que estes vão bem mais além que asmeras vitórias desportivas.
Acredito no Sporting, tenho que acreditar.
Sempre!