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Joga-se neste momento um peculiar jogo da culpa no Sporting.
Em jeito de pescadinha de rabo na boca, num ciclo demasiadas vezes repetido, assente na sua partida numa cultura de desresponsabilização própria, o ciclo lida com os problemas e derrotas que aparecem, com a identificação dos alvos mais fáceis para deflectir a culpa, numa linha de CYA (cover you ass), deixando e contribuído para o lume da contestação orientada, até que este se extinga ou passa à categoria de fogo-lento e o ciclo se volte a repetir.
Depois dos alvos externos, os árbitros, o benfica, os jornais, etc, que já não satisfaziam nem alimentavam suficientemente o fogo que crescia, houve necessidade de encontrar os internos e neste momento, os felizes contemplados são os jogadores. Serão culpados, sem dúvida. Mas dificilmente os reais e muito menos únicos responsáveis pelo que se está a passar.
Em regra, numa estrutura de trabalho alargada, existe uma hierarquia. No futebol, esta hierarquia começa na administração no topo, passa pelos treinadores e desagua nos jogadores. Este triângulo de forças e responsabilidades, quer-se solidário e razoavelmente equilátero. Mas neste momento no Sporting, em virtude de uma ligação simbiótica desequilibrada entre administração e treinador este triângulo deforma-se ao ponto de formar apenas uma linha com estes dum lado e jogadores do outro.
A administração depois de ter tentado o treinador como alvo, vendo os problemas que daí decorreriam, assumindo a sua intrínseca subjugação aos interesses e caprichos deste, condicionada e completamente nas mãos deste, numa tentativa clara de sobreviver, mais a mais em modo eleitoral, promove este novo alvo convocando e arregimentando as tropas para o trabalho.
Mas isto quebra completamente as relações de solidariedade e respeito, e os jogadores, podendo nem todos ser uns primores de inteligência funcional não são burros e muito menos estúpidos. Os jogadores vêm-se desprotegidos e atacados e percebem também que a culpa não é nem pode ser exclusivamente deles. Percebem que não é da responsabilidade exclusiva sua que estão de rastos fisicamente, que olham para o lado e não vêm alternativas, que jogam como jogam sem que tacticamente haja intervenção, que cumprindo as ordens do treinador continuam a falhar, etc
E aqui o problema, voltando ao inicio, ao ciclo do jogo da culpa, será a entrada em loop acelerado do mesmo sem que sequer se passe pela fase da extinção ou diminuição do fogo, entrando numa sobre-alimentação o que já neste momento lhes queima os pése que tem consequencias facilmente previsiveis.